Revirando alguns papéis antigos, jogando fora uns mais antigos ainda, me deparei com belas cartas de Drummond para Lygia Fagundes Telles. Quanta poesia...
"Você sabia que a lua
ainda não foi visitada?
que há sempre uma lua nova
dentro da outra, e encantada?
É lá que vivem as graças
que nesta quadra do ano
a gente sonha e deseja
a todo o gênero humano.
Mas a lua, preguiçosa,
nem sempre atende à pedida?
a gente sonha assim mesmo,
até melhorar a vida.
Oi, Lygia querida, os desejos são os da vida inteira: paz e saúde para você e seu povinho, e novos contos e romances de Você para alegria nossa.
Rio, XII,1969
Carlos"
Lygia, querida e lembrada:
Pois é. Passou o dia chato e ficaram as boas lembranças. Estou ouvindo João Gilberto e me sentindo ao lado de você. A pomba chilena faz companhia à gente, e releio "Negra jangada amarela", de tão funda ressonância intimista. Que bom, Lygia. Saber você minha amiga, minha irmã, no meio de tanta confusão e tanto desencontro desta vida.
Obrigado pelo que você é, pelo que você representa para mim: claridade.
Um beijo e todo o carinho do
Carlos