sexta-feira, 27 de junho de 2008

Quero ter tempo livre...

Quero ter tempo livre para pensar bobagens
falar amenidades
fazer viagens
ler futilidades
ver paisagens
e amar por toda a eternidade

Quero ter tempo livre pra sonhar
pra mergulhar no mar
pra começar e recomeçar
dançar e cantar
e chegar a algum lugar

Quero ter tempo livre pra mim
pra curtir o curto tempo que é a vida
que passa tão rapidamente pela gente
e que pede pra ser vivida.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fragmentos...

"Acho as lágrimas muito cheias de dizeres. Elas moram dentro da gente e aliviam as dores que também moram dentro da gente. Não sei por que elas não curam a dor antes de a dor doer. Mas vou deixar para falar de lágrimas depois. Chorar cansa! Depois de muita lágrima há que dormir um longo sono. Agora não quero dormir. Minhas tristezas estão maduras. Só tristezas verdes precisam de água para crescer. Também não sei a cor das tristezas maduras. Devem ser transparentes."

"Eu não gosto dos crepúsculos ou das madrugadas. São momentos indecisos e fáceis de trazer tristeza. Na madrugada sinto como se a noite tivesse preguiça de nos deixar e o dia, preguiça de começar, e eu, com medo de crescer. No crepúsculo são as nuvens embaçando tudo. Crepúsculo é como uma estação onde muitos partem e muitos chegam. Todos ficam no meio do caminho. Saíram e ainda não chegaram. Dói muito esse lento instante."


"Eu amava meus avós. Compreendia o que faltava e o que sobrava em cada um deles. Para minha avó faltava amor e para meu avô sobrava paixão. Eu distribuía, em partes iguais, o meu afeto.Quando a imensa solidão pesava sobre minha avó, eu me assentava ao seu lado, segurando sua mão, sem dizer nada. Toda palavra seria inútil. Ela correspondia meu carinho com mais carinho. Deixava exalar uma cantiga tão baixinho que eu precisava abrir bem os ouvidos. Sua voz era mais doce que os suspiros que ela assava em forno brando e que desmanchavam no céu da minha boca.
Jamais pedi ao meu avô que levasse com ele em seus passeios pela tarde. Não pensava em invadir seu destino nem destrancar seu coração. Percebendo minha cumplicidade, ele se aproximava de mim e passava a mão em minha cabeça, como se benzendo ou abençoando meus pensamentos. Meu avô estava sempre me lendo!"


"A casa do meu avô era silenciosa. Todas as palavras tinham sido ditas. Nada mais mudava do lugar. Mesmo no escuro se podia encontrar uma agulha na gaveta do criado que também era mudo. Uma casa sem palavras é uma casa vazia. Palavra povoa tudo. Corta o silêncio e, aonde chega, fica. Se a gente escreve, pode apagar, mas, se falamos, fica impossível recolher as palavras. Palavra é como borboleta, bate as asas e voa. Palavra não nasce em árvore, ela brota no coração. A gente sabe que ela tem cor, porém cada uma guarda uma ilusão. No alpendre da casa do meu avô havia três borboletas presas na parede. Suas asas eram de louça dura. Elas não partiam. Para voar é preciso asas leves e muito vazio pela frente. Para falar é preciso ter o que dizer."

"Meu pai dirigia um caminhão muito grande e bonito. Viajava para longe, levando manteiga para as cidades que só produziam pão. Bom Destino tinha pão e manteiga. Passava dias distantes e voltava trazendo uma carroceria de notícias. Eu ficava impressionado como era grande o mundo do meu pai. Ele colocava um travesseiro sobre seus joelhos, me assentava em cima e me entregava o volante para eu dirigir. Naquele tempo eu não sabia nem frear meus pensamentos. Tinha só duas pernas; imagina dirigir um caminhão com dez rodas.
Depois, como seria possível eu aprender a dirigir, se minha alegria eram as paisagens! No caminhão havia um espelho de lado. Eu apreciava ver meu pai olhando para a frente e correndo os olhos sobre o que estava atrás. Nesses momentos ele possuía muitos olhares."


(Fragmentos do livro O olho de vidro do meu avô, de Bartolomeu Campos de Queirós.)

terça-feira, 17 de junho de 2008

apesar de tudo

"apesar de todos os livros escritos,
todas as sentenças filosóficas,
todas as análises terapêuticas e
todos os exemplos de paixões falidas,
continuamos amando"
M.M

quinta-feira, 12 de junho de 2008















"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver"

(Gabriel Garcia Marquez)

Tempo sem tempo

"vê se encontra um tempo
pra me encontrar sem contratempo
por algum tempo
o tempo dá voltas e curvas
o tempo tem revoltas absurdas
ele é e não é ao mesmo tempo
avenida das flores
e a ferida das dores
e só então
de sopetão
entro e me adentro no tempo e no vento
e abarco e embarco no barco de ísis e osíris
sou como a flecha do arco do arco do arco-íris
que despedaça as flores mais coloridas
em mil fragmentos
que passa e de graça distribui amores de cristais
totais sexuais celestiais
das feridas das queridas despedidas
de quem sentiu todos os momentos"

(Parceria de Zé Miguel Wisnik e Jorge Mautner )

segunda-feira, 9 de junho de 2008

arrumando a casa de dentro...

Vou mudar tudo de lugar:
os sonhos, a saudade, os desejos...
Vou aproveitar alguns sentimentos,
jogar fora algumas lembranças,
guardar algumas palavras,
deixar espaço para os aplausos
e fechar as portas para os aborrecimentos.
Mas vou abri-las sempre para as emoções.
Vou colorir cada cantinho.
O cantinho do silêncio, do amor, da amizade,
da tristeza e da alegria.
As janelas ficarão escancaradas para a sorte entrar
e é claro
um coração pousar.


domingo, 1 de junho de 2008

Navegando...

Passeando por textos de Rubem Alves, me deparei com um chamado "Baixou o espírito do Drummond" e algumas palavras me chamaram a atenção.

"Amigo não empata amigo. A amizade cuida da liberdade do outro. Um amigo é um mestre em escutar, um mestre em adivinhar e um mestre em guardar silêncio. Um amigo conhece o sentido da palavra "não". O "não" é a palavra que estabelece os meus limites, limites que não podem ser invadidos, nem mesmo com a desculpa do amor. "


sigo a cartilha...