sábado, 10 de maio de 2008

Passagem das horas (Fernando Pessoa)

Poder rir, rir
rir despejadamente,
rir como um copo entornado,
absolutamente doido só por sentir,
absolutamente roto por me roçar
contra as coisas,
ferido na boca por morder coisas,
com as unhas em sangue por
me agarrar a coisas,
e depois dêem-me a cela que quiserem
que eu me lembrarei da vida
.

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